Seminário incentiva comércio da agricultura familiar
POR CHRISTINE ANTONINI
A Câmara de Montes Claros promoveu na tarde desta segunda-feira, 13/12, seminário com o tema: “O potencial da agricultura familiar na geração de emprego e renda”. O evento teve o objetivo de debater políticas públicas voltadas para o setor e apresentar aos mercados, o tradicional e o institucional, com o intuito de estimular a comercialização da produção local.
Montes Claros é uma das cidades com grande potencial para o agronegócio – são 200 comunidades rurais e 10 distritos, com pelo menos 2.500 agricultores.
“O evento foi de extrema importância para abordarmos o potencial do setor produtivo rural de Montes Claros, com o intuito contribuir para reposicionar o produtor nas redes de comercialização da agricultura familiar”, ressaltou o presidente da Câmara de Montes Claros, vereador Cláudio Rodrigues (Cidadania).
O gerente regional da Emater em Montes Claros, José Arcanjo, pontuou a importância do envolvimento da Casa Legislativa nas questões sociais. Para o gerente, “o investimento na agricultura é muito menor do que o dinheiro ‘colocado’ na cidade”.
Segundo o presidente da Cooperativa Grande Sertão, Francisco Pereira dos Santos, um dos gargalos enfrentados pela agricultura familiar é em relação às vendas. Ele apontou a falta de estrutura na Ceanorte e as dificuldades em conseguir capital para executar projetos nas comunidades.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Osmani Barbosa Neto, disse que nos últimos dois anos, a população rural cresceu muito. E que atualmente a secretaria está focada nas manutenções das estradas rurais.
“Temos oito mil quilômetros de estrada rural e precisamos mantê-las em boas condições para ajudar no escoamento dos produtos e reduzir os custos do transporte para o homem do campo”, pontuou Osmani.
Durante o seminário várias pautas voltadas para o progresso do homem do campo e a importância de adquirir produtos deles foram abordados. O gerente regional do sistema Faemg, Senar, Inaes e sindicatos, Dirceu Martins, exemplificou que uma das maneiras de fazer isso acontecer é o incentivo às feiras livres.
“A feira livre é o encontro da cidade com o campo. Precisamos fazer com que a rede hoteleira adquira esses produtos, assim como os grandes supermercados”, concluiu.
O evento contou a participação de líderes comunitários, representantes da Codevasf e Emater, e do deputado federal Zé Silva.
É NECESSÁRIO INVESTIR
De acordo com a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Maria Soares Valentini, que participou remotamente, a agricultura familiar é responsável por um terço da alimentação dos brasileiros.
“Assim como são investidas políticas públicas na saúde e educação, deve-se investir no homem do campo, oferecendo meios para que eles possam ofertar alimentos de qualidade”, destacou a secretária.
O presidente da Emater-MG, Otávio Martins, enfatizou a necessidade de investir no agricultor, uma vez que a estimativa é que até 2050, a população brasileira dobre e com isso existe a necessidade de produzir maior quantidade de alimentos. “É preciso oferecer base para que esse produtor consiga ter condições de fornecer alimentos de qualidade”, pontuou o presidente.
Segundo o coordenador do Ministério da Agricultura, Mateus Soares, a agricultura familiar brasileira vai além da economia gerada pelo trabalho. Ele enfatizou que 36,9% dos alimentos adquiridos para a merenda escolar são oriundos da agricultura familiar.
“Além da economia, a agricultura familiar representa o fortalecimento da cultura e do social”, disse.
NECESSIDADE LOCAL
A presidente da Comissão de Agricultura da Câmara de Montes Claros, vereadora Graça da Casa do Motor (PSL), pontuou as necessidades dos produtores rurais do município.
“Hoje, a maioria destes agricultores sobrevivem basicamente do que é produzido em suas comunidades, por isso o PAA é de grande valia para agregar a renda familiar. Mas no processo produtivo, estes agricultores encontram grandes desafios”, enfatizou a vereadora que também é vice-presidente da Câmara.
Entre os problemas citados pela parlamentar estão a burocracia e os altos custos para abrir poços artesianos – problema este que fica mais acentuado durante a seca. Segundo Graça, cerca de 2.500 famílias não possuem energia elétrica em suas residências – dados somente coletados do distrito de Nova Esperança.
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