Câmara se mobiliza pela retomada dos cursos da Escola Técnica de Montes Claros
A proposta é que o patrimônio da Fundação Educacional Montes Claros (FEMC) seja incorporado pelo governo federal, estadual ou municipal e os cursos técnicos voltem a ser ofertados
Por JERUSIA ARRUDA
A Câmara Municipal de Montes Claros, através do seu presidente, vereador Cláudio Rodrigues, está se mobilizando pela recomposição da Fundação Educacional Montes Claros (FEMC) e retomada das atividades da Escola Técnica de Montes Claros.
Cláudio Rodrigues explica que, durante 45 anos, a FEMC, através das suas unidades de capacitação, formou milhares de alunos para atender as empresas que vieram para o Norte de Minas com recursos fiscais e financeiros administrados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Em 2020, por decisão do Conselho de Administração, foi declarado o encerramento das atividades da FEMC. “Essa decisão deixou uma grande lacuna no processo de capacitação e formação profissional no Norte de Minas. Desde então, toda a infraestrutura da Fundação encontra-se inativa, sujeita à degradação natural do patrimônio”, lamenta.
Após aprovação de requerimento em plenário, por unanimidade, o vereador Cláudio Rodrigues entregou ao governador de Minas, Romeu Zema, e ao procurador-geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares Junior, a solicitação para que o Ministério Público do Estado de Minas Gerais constitua uma comissão para estudar a viabilidade de incorporação do patrimônio da Fundação, seja pelo Governo Federal, através do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Norte de Minas – IFNMG; pelo Governo Estadual, através da Secretaria Estadual de Educação; ou pela Prefeitura de Montes Claros, através da Secretaria Municipal de Educação.
Rodrigues destaca que esta é uma demanda da comunidade de Montes Claros e de todo o Norte de Minas. “A população reconhece a importância e relevância do trabalho realizado pela FEMC e entende a necessidade de, não apenas preservar esse patrimônio, mas de dar uma destinação correta de seu uso, de forma pública, acessível e inclusiva, priorizando a formação da mão de obra de nível técnico, de forma a assegurar a sustentabilidade das indústrias que serão instaladas para atender as demandas previstas para a região”, completa.
A perspectiva, de acordo com o vereador, é que, a vinda de novos empreendimentos, já sinalizados para a região, com previsão de investimentos na ordem de R$ 18 bilhões, demandará por milhares de profissionais qualificados, sendo necessário uma média de 200 turmas de cursos técnicos, para os próximos dois anos.
Atualmente, o prédio onde funcionava a Faculdade de Ciência e Tecnologia de Montes Claros (Facit) está sendo levado a leilão, e a previsão é que a renda arrecadada seja revertida para o acerto pendente com os professores e funcionários administrativos da faculdade. Já as instalações da Escola Técnica, no bairro Alto São João, de propriedade do Município de Montes Claros, estão preservadas, inclusive com um andar do prédio reservado para abrigar as instalações da Facit.
Escola Técnica
A Fundação Educacional Montes Claros (FEMC), entidade de direito privado e sem fins lucrativos, foi criada em 1976 pela Associação Comercial e Industrial de Montes Claros com a finalidade de qualificar recursos humanos, operacionais e técnicos, necessários à implantação do parque industrial norte-mineiro.
Desde a criação da Sudene e a consequente implantação do Distrito Industrial de Montes Claros, a demanda por profissionais especializados foi um dos principais empecilhos para o desenvolvimento local. A FEMC protagonizou, desde então, a formação de técnicos e engenheiros para essas demandas.
Em 1976, a FEMC iniciou as atividades da Escola Técnica, com oferta de vários cursos e com toda infraestrutura necessária, no bairro Alto São João, no local onde, antes, funcionava a escola municipal Marcelina Lopes. “Nas tratativas de cessão, a FEMC assumiu o compromisso manter os alunos da escola com uma iniciação profissionalizante, o que foi mantido durante muitos anos, até que os alunos terminassem os cursos de iniciação”, explica Cláudio Rodrigues.
Mantida pela sociedade civil e empresarial, a instituição cresceu ao longo dos anos de acordo com seu lema: “Qualificar o homem ao Norte das Gerais”.
Facit
Devido à total ausência de cursos superiores na área de tecnologia no Norte de Minas, Vales do Jequitinhonha, São Francisco e Mucuri, e no Sul da Bahia, em 2002, a FEMC criou a Faculdade de Ciência e Tecnologia de Montes Claros (Facit), oferecendo cursos superiores na área de Engenharia.
Em sua trajetória, no ano de 1990, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), através do Dr. Cândido Alberto da Costa Gomes, realizou estudo de caso sobre a FEMC, recomendando o seu modelo de gestão para os países membros da Organização, através de publicação editada em Genebra, a revista “Perspectives” da Unesco, que publicou o estudo em sete idiomas.
Em outubro de 2005, por solicitação do Centro Internacional para Educação e Treinamento Técnico e Vocacional (Unevoc), da Unesco, o estudo foi atualizado e publicado artigo sobre a FEMC na revista “Ensaio”.
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