Câmara cobra leitos de UTI pediátricas
Por Christine Antonini
A falta de pediatras e de leitos de UTI para crianças em Montes Claros voltaram ser pauta, durante a sessão ordinária desta terça-feira (7), na Câmara Municipal. Os vereadores reivindicaram mais médicos nas unidades de saúde, principalmente após a morte de uma criança, que necessitava de um leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e não pode ser atendida.
Segundo a presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereadora Maria Helena Lopes (MDB), o caso deve ser investigado e os culpados identificados. A parlamentar destacou que a Prefeitura de Montes Claros destinou dez leitos de UTIs pediátricos para o hospital Santa Casa. Contudo, ainda segundo a parlamentar, por problema de gestão, o hospital não atendeu à demanda, recorrendo ao Hospital das Clínicas Mário Ribeiro da Silveira.
“Desde o início do mandado à frente a Comissão de Saúde, fizemos diagnóstico da situação em Montes Claros, notamos os pontos críticos e fomos buscar ajuda e soluções junto ao secretário de Saúde do Estado, mostrando que nosso município não tem hospital regional – o único que atende 100% SUS é o Hospital Universitário Clemente de Faria”, ponderou Maria Helena.
O vereador Wilton Dias (Avante) também cobrou investigação em relação à morte da criança para que os verdadeiros culpados sejam punidos. “Alguém foi omisso. Se morreu uma criança por falta de leito é porque alguém falhou, uma vez, que o município apresentou documentos que o recurso foi passado para Secretaria Municipal de Saúde”, defendeu o parlamentar.
De acordo com o presidente da Casa, vereador Junior Martins (PP), por problema de gestão do Hospital Santa Casa, os dez leitos foram destinados para o hospital Mário Ribeiro. “O prefeito Humberto Souto, com muita agilidade, percebeu que a Santa Casa não atenderia às exigências, e contratou, no dia seguinte a morte da criança, a prestação de serviço do hospital das Clínicas”, afirmou o presidente.
O vereador Rodrigo Cadeirante (União) enfatizou as diversas denúncias feitas ao Governo de Minas, sobre o descaso do Estado junto ao Hospital Universitário Clemente de Faria, o único da cidade 100% SUS. O parlamentar disse que a unidade hospitalar não possui estrutura física, tecnológica e humana para atender a demanda macro da região norte-mineira.
A vereadora Professora Iara Pimentel (PT) questionou a última prestação de contas da Prefeitura de Montes Claros, em que foi apresentado uma sobra no valor de R$ 222.704.292,44. “Se tem dinheiro em caixa, qual o motivo de não investir na saúde e incentivar que pediatras trabalhem no nosso município? Temos apenas 21 médicos pediatras na rede municipal”, questionou.
A vereadora Ceci Protetora (PRD) destacou a necessidade de soluções rápidas e efetivas em relação aos atendimentos pediátricos, bem como a abertura de leitos no Hospital Mário Ribeiro que traz um pouco de “alívio”. Para a parlamentar, medidas adicionais são necessárias principalmente em relação ao número crescente de pessoas com dengue. O vereador Marcos Nem (Pode) mostrou ainda a importância desses novos leitos no Hospital das Clínicas e que nas próximas semanas serão inaugurados outros dez.
O vereador Leãozinho (Pode) também lamentou a morte da menina e o descaso da saúde em relação aos médicos pediatras.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Para buscar soluções para os problemas apresentados referentes à abertura de mais leitos pediátricos no município, a Câmara de Montes Claros, através de iniciativa do vereador Daniel Dias (PCdoB), promoverá na segunda-feira (13/), às 9h, audiência pública.
MORTE DE CRIANÇA
Na última quinta-feira (2), uma menina de sete anos morreu, após não conseguir um leito em UTI. Segundo a Unimontes, responsável pela administração do Hospital Universitário Clemente de Faria, a criança foi transferida de outra unidade em estado grave. Ela foi então encaminhada para a Sala Vermelha do Pronto Socorro e contou com suporte e acompanhamento de um pediatra durante toda a internação. Devido à gravidade do caso, foi solicitada vaga em UTI pediátrica em outros hospitais do município, porém sem sucesso.
No dia 3 de maio, a Prefeitura de Montes Claros divulgou decreto que define o atual cenário como "alarmante para o atendimento em pediatria". A validade das regras estabelecidas é de 60 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período. A Prefeitura ainda destaca que durante a vigência da situação de emergência fica determinada a restrição de transferências de pacientes de outras cidades para Montes Claros e que uma UPA deve ser transformada temporariamente em hospital de urgência pediátrica.
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