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Audiência pública na Câmara Municipal debate crise na pediatria

por Cássia Soares publicado 14/05/2024 17h40, última modificação 07/10/2024 19h45

Por Cássia Soares

A Câmara Municipal de Montes Claros realizou audiência pública nessa segunda-feira (13/5) para discutir a crise na pediatria local, sobretudo a escassez de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e CTI pediátricos. O evento, proposto pelo vereador Daniel Dias (PCdoB), contou com a presença de representantes do setor da saúde, além de autoridades políticas, da sociedade civil e jurídicas.

O parlamentar enfatizou que a crise não se deve apenas à falta de pediatras, mas também à insuficiência no número de leitos de retaguarda, prejudicando o atendimento em casos graves. “É fundamental fortalecer a atenção primária para prevenir complicações e fatalidades”, destacou Dias.

A secretária municipal de Saúde, Dulce Pimenta, ressaltou que a crise é um problema nacional e mencionou uma portaria do Ministério da Saúde, de 18 de abril, que visa aumentar o número de leitos hospitalares. Esclareceu ainda que a criação de leitos de UTI depende de autorização do governo federal e que o município vem investindo consistentemente em saúde, sobretudo nos últimos cinco anos.

A pediatra Eliana Amaral descreveu a realidade da falta de leitos, forçando a difícil decisão dos médicos em relação ao atendimento prioritário. Ela criticou a precariedade das instalações de emergência e enfermarias, bem como a falta de atenção às reivindicações dos profissionais de saúde.

Representantes das instituições de saúde, como o Hospital das Clínicas Mário Ribeiro e da Santa Casa, destacaram os esforços que foram feitos para estabelecer leitos de UTI emergenciais para atendimento à população até que seja aprovada a ampliação do número de leitos permanentes. O superintendente do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), Iuri Simões, sugeriu mais cooperação na rede de saúde e mencionou desafios da burocratização para a realização de concursos públicos, bem como de processos licitatórios.

O promotor de Justiça, Daniel Lessa, apontou a existência de interesse próprio das instituições de saúde e má gestão dos recursos públicos como fator a ser superado para a melhoria da qualidade da prestação do atendimento à população. Lessa também demonstrou preocupação em relação à redução do número de servidores do HUCF, demitidos pelo Estado, que acaba sobrecarregando os outros hospitais da cidade.

Membros do Conselho Municipal de Saúde e representantes do Conselho Tutelar e dos Direitos da Criança, chamaram atenção para a necessidade da abordagem colaborativa ao invés de se buscar culpados. Enfatizaram a urgência de melhor gestão e transparência no investimento em saúde pública, bem como a construção de um hospital regional de pediatria na cidade.

O deputado federal Paulo Guedes (PT) criticou a postura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) em relação à saúde em Montes Claros e prometeu continuar buscando por mais investimentos federais para o Norte de Minas.

Ao final da audiência, o vereador Daniel Dias anunciou que solicitará ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, a abertura de um procedimento administrativo e criminal contra o governador por omissão. Informou ainda que pedirá à Assembleia Legislativa de Minas Gerais a aquisição de leitos permanentes para a rede hospitalar local.


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