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Audiência pública discute burocratização da Cemig em projetos de energia solar

por Cristine Antonini publicado 17/06/2024 11h49, última modificação 07/10/2024 19h46
Audiência pública discute burocratização da Cemig em projetos de energia solar

A audiência foi proposta pelo vereador Daniel Dias

Por Christine Antonini

A Câmara Municipal de Montes Claros, através do vereador Daniel Dias (PCdoB), promoveu na manhã desta segunda-feira (17), audiência pública para discutir as dificuldades de novas autorizações de projetos de energia fotovoltaica por parte da Cemig. De acordo com o parlamentar, o assunto se faz necessário, especialmente, após o aumento de 6,7% na conta de energia elétrica, comprometendo a renda de muitos brasileiros.

“Tanto os consumidores quanto as pessoas que trabalham com a distribuição de energia solar estão saindo prejudicados. Além de sair mais em conta no bolso da população, a energia solar é limpa, o que contribui com o meio ambiente. A Cemig aumentou o valor da tarifa e dificulta novos projetos a serem realizados”, ponderou o proponente do evento, vereador Daniel Dias.

Durante a audiência, a Cemig foi apontada como principal dificultadora em aprovar projetos de energia solar a ser instalados nas residências. A companhia justifica aos seus clientes, por meio de parecer, que baseiam em inversão de fluxo e injeção “noturna”. Ou seja, quando uma alta quantidade de energia elétrica injetada, proveniente da geração distribuída, é maior do que a demanda dos consumidores conectados nessa mesma rede, podendo ocasionar sobrecarga, desequilíbrio de tensão e interrupções no fornecimento de energia elétrica.

Segundo Lourival Soares Ribeiro, que trabalha na distribuição de energia solar e também é produtor rural, a justificativa não é válida, uma vez que a própria companhia colocou empresa própria (Cemig SIM) para fornecer o mesmo serviço à população, tornando a concorrência desleal para os empresários.

“Vemos uma diferença gigante entre os projetos elaborados em Minas Gerais com os da Bahia – os mesmos, aqui são barrados pela Cemig. As mensagens de justificativa da companhia são automáticas, sem nenhum critério. Tudo isso para não aprovar novas obras”, destacou Lourival.

A Associação Brasileira de Geração Distribuída fez diversas reuniões com a Cemig, pois a justificativa não é válida, uma vez que a própria companhia colocou empresa própria (Cemig SIM) para fornecer o mesmo serviço à população, tornando a concorrência desleal para os empresários. ,

Representando a Frente Mineira de Geração Distribuída, Valter Ribeiro, enfatizou que a associação fez diversas reuniões com a Cemig, desde o momento que centenas de projetos de energia fotovoltaica, em especial para usinas de microgeração. Para ele, não há lógica no processo adotado para reprovar projetos com argumento de falta de rede.

“Vamos pedir a abertura de uma CPI na Assembleia de Minas para averiguar o que está acontecendo dentro da companhia e se há informações privilegiadas”, ressaltou.

A vice-presidente da Assembleia de Minas, deputada Leninha (PT), destacou que a Cemig não teve nenhum movimento para incentivar as pequenas usinas solares. A parlamentar ainda lembrou que a companhia é um órgão público e deve ter transparência em suas ações. “Especialmente em relação a nossa região semiárida que é uma potência de distribuição de energia fotovoltaica”, disse.

ENERGIA SOLAR NO NORTE DE MINAS

O maior parque de energia solar das Américas está localizado em Janaúba, a 135 km de Montes Claros. O coordenador do curso de eletricista de sistemas de energia renováveis do IFNMG, Leandro Almeida, destacou que Minas Gerais é pioneira neste segmento, onde um quinto da energia solar produzida no Brasil é oriunda daqui do estado. Para ele, a Cemig, deveria fazer uma parceria para incentivar o uso dessa energia que gera emprego, reduzir os custos para o consumidor e contribui com o meio ambiente.

“Se a companhia detectou um problema na distribuição, qual foi a solução apresentada? Cabe investigação, uma vez, que grandes projetos estão sendo liberados e os pequenos não.

Após ouvir todas as demandas, foi elaborado um documento a ser apresentado na Assembleia de Minas.

 

 

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